segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Wwoofing na França: Parte 02

Maçâ, abóbora, pimentâo, beringela e tomates verdes (mas nâo fritos)


Dia 02: Aqui vai, mais uma tentativa de expressar essa experiência no sul da França, sem legendas ou traduçoes simultâneas, deste pobre brasileiro friorento no inverno em uma fazenda orgânica (mas super hight tech). (Desculpem os erros de português, nâo tenho corretor e esse teclado está configurado sem acento algum, por isso vou colocando tudo manualmente)

O dia começa cedo aqui, o café da manha é super rapido (porém pao fresquinho e um chá maravilhoso, afinal estamos na França e aqui nao EXISTE comida ruim). eu acordo e tento olhar na janela a paisagem sem sucesso, já que no dia anterior nao conseguia ver nada por causa da escuridao e hoje o orvalho esta por todo o lado, inclusive na janela. 

Nos vestimos rapido. e antes de sair minha companheira voluntária alerta para levar um casaco de frio, já que nao estou mais no Brasil. Eu nao questiono e coloco o casaco mais pesado que tenho, apavorado com a idéia de sentir frio durante o dia. Ao por o pé para fora da casa sinto que já nao estou mais em Londres pelo simples fato do ar ser puro (e claro que nao avisto também nenhum onibus vermelho, ou sinto o cheiro de fish and chips). Pegamos um carrinho de mâo no armazem e algumas cestas, hoje é dia de colher! No caminho para os pés de maçâ uma chuva fina nos acompanha, e a paisagem ainda está encoberta pela neblina que permanece por grande parte do dia, me impedindo de ver as montanhas. 

Sabe quando você chega em um jantar, ou em uma festa e já estâo retirando os pratos e a comida, a fazenda no inverno é tipo isso... O frio está chegando entâo é hora de tirar tudo de fora e colocar pra dentro (até dentro da barriga se for o caso), para nâo perder nada. Começamos recolhendo as maças que estavam no châo, que nâo sâo boas o suficiente para serem vendidas, mas sâo ótimas para fazer geléia e suco, vinagre, doce... Como aqui nâo se usa fertilizantes, temos que escolher em as maças boas, e ficar algumas horas curvados procurando. Mas nâo estamos sozinhos, os três gatos da fazenda ficam fazendo companhia e miando o tempo todo em busca de carinho, aqui tenho uma foto que representa bem esse momento, com a Norma colhendo maças na posiçâo padrâo (encurvada com o balde na mâo) e o gato "ajudando" espontaneamente a manter suas costas quentes. 

Os gatos mais carentes da França estâo aqui, só pode. 

Depois de escolher as maçâs do châo, partimos para colher as que estao na árvore. Como já faziam algumas horas desde o café da manhâ começamos a comer um pouco da produçao... Maçâs organicas sâo definitivamente mais saborosas, e o legal daqui é que pude provar pelo menos 5 variedades diferentes de maças, sabores, cores e cheiros diferentes pra cada uma delas... Aqui comecei a sentir o peso da experiência. A Norma, como já está aqui há quase um mês, consegue coletar maças umas 2x ou 3x mais rápido que eu. Se tivesse uma Olimpiada na Fazenda (Fazendolimpcs ou Olimpofarm como disse pra ela) ela ganharia fácil na modalidade pegar frutas boas do châo, e eu claramente nem me qualificaria pras eliminatórias. 

Após a colheita das maças, fomos ver como era feito o suco de maça. Bem artesanal a prensa aqui da fazenda, deixando tudo mais autêntico e interessante. O suco é engarrafado e vendido na feira da cidade próxma todos os sábados, o consumo é todo local e nâo sobra quase nada de uma semana para outra. Tive a oportunidade de fazer alguns litros do suco e tomar alguns copos (para refrescar depois de subir de descer com o carrinho de mâo cheio de maçâs).

Após, Elise chamou a Norma e deu instruçoes específicas em francês para ela me traduzir. No meu pobre francês entendí que íamos conhecer 02 pessoas, e era pra fazer algo para elas, mas era para Norma me apresentar primeiro pois eles nâo me conheciam ainda. Eu quase entedí tudo... QUASE... as duas "pessoas"na verdade sâo os Asnos da fazenda, Pappiloum e Pinochio. Dois camaradas que parecem ser super simpáticos, mas segundo o pessoal aqui da fazenda, eles já se enfezaram com alguns voluntários no passado.
Um dos asnos da fazenda (acho que esse é o Pinochio, mas como eles sâo gêmeos nâo dá para saber de verdade rsrs... mas esse tem mais cara de mentiroso.)

Em seguida fomos para a estufa onde estâo os legumes. Parte da produçao é consumida na propria fazenda, o rest é vendido no mesmo mercado todo sábado. É interessante ver todo o trabalho que a comida demanda para chegar ao nosso prato. Já tive experiencia vendendo e comendo muita comida, mas nunca produzindo, e acho que é algo que todos devemos fazer um dia. Dar valor a isso é aprender que desperdício realmente nâo é algo bacana, e levando em conta que TODO desperdício de comida hoje se fosse evitado poderia acabar com a fome no mundo faz você pensar bastante nisso nâo? Hoje colhemos algumas abóboras, muitos tomates, pimentâo e berinjela. 

Tomates que colhí hoje pela tarde... depois de anos vendendo esses legumes na feira, chegou a hora de colher-los direto do pé, e comer alguns no meio do percurso...

Pois bem , fomos ao almoço onde conheci o resto da familia da Elise, sua filha e o marido que vieram almoçar conosco e trouxeram um belo bolo para dividir na sobremesa. Nâo preciso repetir que a comida aqui é sensacional, nâo é mesmo? Fazia tempo que nâo comia um Cous-Cous tâo bom, e claro, suco de maça a vontade na mesa e tomates na salada, das mesmas maças e tomates que eu colhí há algumas horas (quanto tempo leva sua comida pra chegar no seu prato desde que ela foi colhida??)

Fazemos 1h de descanso antes de voltarmos para a Fazendolimpics. Hora de comecar a desmontar as estufas,  trabalho que eu ainda vou levar alguns dias pra terminar. Nessa modalidade da Fazendolimpics acho que sou bom: exige força e nâo demanda muita habilidade detalhista como nas maçâs... desmontar é comigo mesmo. É incrível pensar que temos que fazer isso, desmontar toda uma estrutura gigantesca por 4-5 meses para montar de novo na primavera. Um esforço tremendo para garantir que o solo esteje pronto para receber novas sementes e que a estrutura nâo estrague com a chuva e a neve que pode cair por aqui. Mais incrível ainda é que a natureza faz isso sem precisar de toda estrutura... ela morre e nasce todos os anos com o inverno e a primavera. Imagine o tanto e energia que teríamos que usar para copiar essa maravilha que se chama primavera! Nâo precisamos fazer nada e as flores nascem, que depois geram frutos, para virarem sementes e aí começar tudo de novo.  Quem sabe se um dia realmente entendermos esse ciclo natural, nâo teremos que montar essas estruturas todos os anos para podermos nos alimentar??? Vale a pena refletir.


Odia termina com a chuva aumentando, Elise e Rax chegam da cidade com o carro cheio de lenha para abastecer o aquecedor da casa e ajudamos a descarregar, fico surpreso ao saber que tudo aquilo dá só para um mês de aquecimento (mais uma vez nâo fazemos idéia do quanto de materia prima usamos para nos mater vivos... em Londres o gás chega por um cano e você paga a conta do aquecimento no fim do mês, mas quantas árvores ou volume de lenha isso representa na real???)

No jantar Elise prepara um pâo caseiro e faz uma massa deliciosa para repor as energias. Fim do dia na fazenda... OPA!!! PERA AE!!! O PORQUINHO DO VIZINHO FUGIU!!! hahaha
Elise corre para me chamar, saio correndo e deixo esse texto que estava escrevendo. Quando chego, Rax já havia cercado o leitâozinho perto do celeiro e o vizinho ja vinha correndo dizendo para eu nâo me preocupar que ele pegava o fujâo (que bom, porque eu já estava de pijama e de chinelo, e lá fora estava um super frio).

Agora sim... posso descansar em paz sabendo que o leitâozinho está em casa hehehe... Mas estudar francês que é bom até agora NADA... mas acho que devo estar aprendendo algo por "osmose", pelo menos estou escutando bastante.

Pronto para o terceiro dia na Fazenda! Amanhâ explico melhor como funciona a fazenda aqui!

Meu nome é Herbert, treinando para as Fazendolimpcs e assim eu disse

HEY! 




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